COACH LITERÁRIO

O ORIENTADOR LITERÁRIO é um profissional que acompanha, ensina e participa de todo processo de criação de um livro. Um profissional técnico, especializado em criação, um professor de escrita e um parceiro, ao mesmo tempo. Experimente, é terapêutico e libertador. Perpetue as histórias que só você tem para contar.

ONDE TUDO SE ENCONTRA

 

Andei por muitos lugares, por perto, por longe 

                                                    e nas metades de caminhos,

Me detive onde havia música, onde havia olhares,

                                                                 paisagens e carinhos,

Também perdi muito tempo onde não deveria parar,

Onde os sorrisos não cabem não nos devemos demorar,

Encontrei muitos oásis, muitas pousadas amigas,

Também encontrei intrigas onde não deveria encontrar,

Em todas as praças encontrei crianças, encontrei amizades,                                                                 encontrei esperanças,

Pelos silêncios do mundo busquei por respostas, 

busquei por motivos, busquei por razões

                                                              que nunca encontrei.  

Vi que os lugares são muito diversos, 

                                            separados por distâncias infindas,

Todas mais lindas do que onde eu deveria estar,

Descobri o lugar onde tudo existe no mesmo momento 

                                                            e fazendo todo sentido,

Revelando os amigos, os amores e os sorrisos,

E, por fim, descobri que o final de todas as estradas 

                                                                                onde andei

Se encontram em mim.

Edmir Saint-Clair

SAINDO DA DEPRESSÃO


De repente, ele se deu conta que as coisas começavam a entrar num sincronismo que há muito não existia. Pequenos detalhes se encaixando no momento certo.

O sabonete, que acabava no meio do banho, agora tem outro novinho à mão. A toalha, que ele não se esquecera de pegar, a mesma que só se lembrava de não tê-la pego quando estava fechando o chuveiro. O banho, que sempre lhe trouxe bem estar, ainda mais no verão carioca. A depressão havia lhe tirado todos os prazeres, até o da higiene.

De repente, o encadeamento dos eventos rotineiros parecia entrar em sintonia, um acontecimento não atrapalha mais o outro, agora, todos parecem se complementar.  Ele começou a perceber um aumento na capacidade de tomar pequenas decisões, como a que o fez comprar o sabonete antes que o outro acabasse, como era comum acontecer. A depressão lhe tirara a capacidade de decidir sobre tudo e qualquer coisa.

Seu cérebro estava se curando, buscando a estabilidade, a homeostase, se consertando.

Ele sabe que se não atrapalhar seu cérebro, tudo vai continuar a entrar, cada vez mais, em sintonia.

Sintonia com o quê ou quem?  Consigo mesmo. Com a sensação de se bastar, de não precisar de nada além da água caindo sobre seu corpo para ter aquela sensação de plenitude que sentia naquele agora.

Percebeu que estava fora do inferno. Um profundo alívio, do qual sobreveio uma leveza indescritível.  Perdeu o sentido de urgência, a ansiedade se dissipou.

Não foi mágica, foi ajuda, pedira socorro. Sozinho, teria morrido. Foi terapia, foi neuropsicologia. Foi a ciência que ajudou seu cérebro a se curar, deixando-o ser maravilhosamente fantástico como o de todos os seres humanos, permitindo que se reprocessasse e arrumasse toda a bagunça. A ciência fora capaz de lhe curar, intercedendo, efetivamente, na desensibilização e reprocessamento de traumas que lhe afetavam muito mais do que supunha sua vã filosofia.

Até aquele momento, ele não acreditava que sairia daquele mundo de horror chamado depressão. Ninguém que esteja passando por ela acredita que possa vencê-la, faz parte da doença.

Naquele momento, a água, o sabonete e a toalha lhe mostraram que ele estava de volta à vida.

Sobrevivera.

– Edmir Saint-Clair

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