No final de novembro, o pôr do sol no arpoador já começava a reunir mais amigos, principalmente os que já tinham sido aprovados no colégio. Era quase verão, o primeiro em que já poderia sair à noite levando a chave de casa.
Foi lá que nos conhecemos. Não me lembro sobre o que começamos a conversar e a rir tanto, mas a paixão foi imediata, avassaladora e pra sempre...se não fosse assim, não seríamos adolescentes.
E todos os dias passamos a nos encontrar no pôr do sol
no arpoador. Apesar dos dois morarem no Leblon, o combinado era esse.
Depois do primeiro beijo,
nossas conversas foram ficando cada vez mais íntimas e confessionais; combinamos
que aqueles seriam nossos últimos dias de virgindade.
Como eram longas e gostosas
nossas confidências, nossos sonhos e nossos beijos!
A cada dia descobríamos mais
cantos escuros para explorar tudo que as calças jeans e camisetas permitiam ao
ar livre.
Era quase verão, a vida
pulsava forte dentro de nós. Os calores aumentavam em nossos corpos,
espremidos, um contra o outro, atraídos, colados, nos cantos escuros da Selva
de Pedra, no Leblon.
Linda, forte, decidida e filha
única de pais que viajavam nos finais de semana.
Não fizemos amor, o amor nos fez.
Da forma mais gostosa e tranquila que poderia acontecer para quem nunca
havia vivido aquela experiência. Com toda a ânsia, curiosidade, cumplicidade e explosão
de alegria que se pode suportar.
Nunca esqueci a sua marquinha branca
do biquíni de lacinho.
A vida era leve, o sol era
quente e você era doce.
De repente já era pleno verão, e nós continuamos, todos os dias, a ir a pé até o arpoador para ver o pôr do sol.
Éramos adolescentes,
bonitos, dourados de sol e felizes.
Edmir St-Clair
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