Dezembro, o mês mais emocional do ano.
Parece a chegada de uma gigantesca maratona da qual toda a população participou. A sensação coletiva é de exaustão, de enorme cansaço físico e emocional. Para onde olharmos, veremos a mesma coisa. Uma mistura confusa de afetos e sensações contagiantes que nos coloca, a todos, num mesmo e imenso barco onde juntos navegamos por águas sentimentais que provocam uma fragilização emocional coletiva alimentada freneticamente pelas mídias e toda sorte de propagandas, músicas e decorações natalinas onipresentes até onde a vista e os ouvidos podem alcançar. Não tem como fugir.
Faz
parte da nossa cultura essa “emocionalização” potencializada pelas festas natalinas
e pelo final do ano. Em suas origens, havia um apelo religioso que, por
conseguinte, conduzia as pessoas à reflexão típica da cultura judaico-cristã,
que sempre leva todos os "pecadores" a um certo grau de sentimentos
de tristeza e culpa. A tradição é pensar em nossos erros, frustrações e
ausências.
Mesmo
que não tenhamos feito lista alguma de resoluções e planos para o ano novo, o
que nos vem à lembrança é uma relação de coisas que pretendíamos ter realizado
e não o fizemos. A data que, hoje, tem pouco de suas origens religiosas, foi
engolida pelo Marketing que aproveitou essa “emocionalidade” exacerbada,
potencializando-a ainda mais, através das ações de publicidade, fazendo
transbordar essas emoções de frustração e culpa que são habilmente canalizadas
para o aumento do consumo de bens.
Quanto
mais o envolvimento, a emoção e a culpa forem despertadas, mais cada um de nós
vai gastar dinheiro.
Ao refletir sobre esse movimento anual, me parece que valeria a pena experimentar uma forma de, ao chegarmos ao final do ano, em vez de pensarmos nas besteiras e bobagens que fizemos ou deixamos de fazer, como em todos os anos passados, pudéssemos reconhecer nossos acertos e mudanças positivas.
Pensando numa maneira leve e produtiva de alcançar esse objetivo, podemos brincar de fazer durante o ano seguinte, uma lista que pode mudar completamente essa sensação desconfortável que a “tristeza de fim de ano” provoca na maioria de nós.
E Se, em vez dos afetos
negativos, no próximo ano tenhamos uma relação de afetos positivos para
recordarmos?
Pensando nisso, proponho AMA NOVA lista de ano novo.
A
diferença, é que não será uma lista de planos e metas sobre entrar na academia
segunda-feira, começar um regime ou aprender um novo idioma.
Será
uma lista de realizações e não uma lista de desejos.
A nova
lista será feita não antes, mas durante o desenrolar do novo ano.
Uma
brincadeira diária de registrar nossos eventos rotineiros, mas só as ações que
foram efetivamente realizadas, que aconteceram de verdade. Porque de boas
intenções o inferno já nos enche diariamente.
E o objetivo maior é aumentar o autoconhecimento de forma leve e nos dar reais motivos para acreditarmos em nós mesmos.
A NOVA
lista de ano novo:
1 -
Anote tudo que acontecer de bom com você, todos os dias. Por mínimas que sejam.
2 -
Registre todas as manifestações culturais as quais tiver acesso e as suas
impressões sobre o que sentiu. Seja Um artista de rua, um cantor desconhecido
no barzinho, filmes, peças de teatro...e claro, as grandes produções que
assistir.
3 -
Registre todas as vezes em que perceber um traço em si que não lhe agrada.
Escrever potencializa a introjeção e induz a reflexão sem culpa. Na primeira
oportunidade tente fazer diferente e anote com destaque quando conseguir.
4 -
Anote todas as vezes que conseguir se conter e evitar uma briga na qual,
normalmente, você se envolveria.
5 -
Anote todas as vezes em que conseguir trocar a competitividade pelo
companheirismo.
6 -
Registre as vezes em que estiver sozinho e sentir uma sensação gostosa de
alegria e bem-estar.
7 -
Anote, com destaque, todas as vezes em que conseguir AGIR exatamente como você
gostaria.
Dessa forma simples e acessível a qualquer pessoa, no final do ano seguinte, teremos inaugurado um caminho totalmente novo, através do autoconhecimento, para nos orgulharmos de nós mesmos por motivos concretos e determinantes.
E estaremos alimentando a crença mais importante e positiva que existe: a crença de cada um em si e de que, todos, temos o poder de modificar a nós mesmos.
FELIZ 2024!
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