Qualquer
atleta que chega a disputar uma olimpíada (exceções sempre existem) tem por
trás e sobre si o trabalho e a expectativa de um sem numero de profissionais e
familiares. Ela é a ponta de um projeto sobre a qual pairam expectativas
superlativas.
No começo,
o atleta já se torna a oportunidade que a família vê para ascender financeira e
socialmente. Passando, assim, a ser focalizada como a esperança de todo seu
círculo familiar.
Desde
pequenos, as crianças que demonstram aptidões extraordinárias passam por esse
processo de deixar de serem apenas elas próprias para passar a “representar” seu
grupo. Em atletas do nível de Simone Biles, que despontam ainda muito
precocemente, o peso de cada conquista vai se acumulando, não como alegrias,
mas como obrigação de corresponder ao que esperam dela. Cada vez mais. E pelo
caminho essa pressão só vai aumentando. Além da família, entram nessa história empresas
patrocinadoras, comitês esportivos, agremiações, confederações e mais um enorme
contingente de entidades e pessoas que irão explorar aquele talento de todas as
formas possíveis e imagináveis.
Até
chegar ao nível de um superatleta, não é difícil imaginar o tamanho das expectativas
e dos interesses depositados sobre esses ombros, ainda adolescentes, durante
anos e anos. Agora, multiplique essa pressão, já absurda, por 10 e teremos o
peso sofrido pela maior estrela da Olimpíada de Tókio.
A
meu ver, o que Simone Biles fez foi de uma humanidade comovente.
Num evento onde todos desejam ser super, ela quebrou as regras e desejou ser apenas humana.
Com todas as contradições e
incertezas que faz cada um de nós ser quem é.
Num
tempo onde lutamos por direitos iguais para todos, independente de raça,
gênero, religião e todos os tipos de discriminação, a atitude de Simone Biles resume
todos esses movimentos num só: o direito de ser humano.
Porque
o ser humano é tudo isso.
E o super-homem
não existe.
– Edmir Saint-Clair
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