Ela
sempre me esperava em absoluto silêncio.
Ao sentir minha presença, sua respiração tornava-se mais intensa. Minha pulsação aumentava, tornava minha respiração quase difícil. A saudade aflorava forte. Me aproximava devagar, me aconchegando em seu corpo, sem tocá-la. Nada mais excitante do que a intenção de tocar sem tocar.
O toque anterior ao toque. As sutilezas são a essência do prazer.
Não a tocava,
apenas contornava seu rosto com o meu, a nano milímetros de sua pele, sem
tocá-la, afastava seus cabelos com o nariz, até alcançar o pescoço. Sentir seu
hálito fazia meu cérebro funcionar em outra sintonia, sensibilidade muito além
da flor da pele.
As sensações do tato, olfato, paladar e audição se acentuavam, se misturavam e nos transformavam. Cheiros, sons, texturas, sabores. A fome. Muita fome.
Esse aproximar e tocar dos corpos fazia desaparecer o espaço entre eles, alma engolindo alma, corpo devorando corpo. Só o prazer nos alimentava. Luta feroz. Meu prazer era te levar à pequenas mortes. Sua fome animal dizia que íamos morrer, e morríamos, muitas vezes. E morríamos de novo. Colados como um quebra-cabeças perfeitamente encaixado.
A vida resolvida para sempre.
Nossos encontros eram assim.
Edmir Saint-Clair
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