Todos nós temos pendências emocionais e existenciais. Assuntos que nos incomodam muito e que, por isso mesmo, evitamos pensar e abordar.
Algumas dessas questões são com pessoas importantes e queridas em nossas vidas. Importantes demais para que as deixemos se perderem de nós, e nós delas, sem que aconteça uma tentativa de esclarecimento que deixe, ao menos, a alma mais leve. Alguma atitude que nos permita dizer:
- eu tentei de verdade.
Quantas
vezes, nos pegamos divagando numa suposta conversa com aquela ex-companheira(o) com quem vivemos um grande amor, mas tivemos um final confuso e cheio de mal-entendidos.
Ou, a conversa com o parente muito próximo, com quem tivemos conflitos nunca
esclarecidos. Às vezes, nos afastamos de pessoas queridas por nunca termos tido
a iniciativa de ter uma conversa que pudesse trazer luz aquele assunto
pendente. Apenas para esclarecer, para clarear a questão e buscar um
entendimento. Sem vencidos, nem vencedores.
A vida não é e nunca foi uma competição.
A
maioria de nós, tem a tendência a ir acumulando pendências emocionais. Questões
mal resolvidas, que foram varridas para debaixo do tapete. Situações espinhosas
que nos causam um mal-estar interior. Das quais não nos damos conta, na maior
parte do tempo, mas que brotam nos momentos mais improváveis e desagradáveis,
sempre atrapalhando alguma coisa boa.
Isso quando não são despertadas já tarde demais, quando já não podemos fazer mais nada.
Situações que poderiam ter sido esclarecidas e não foram, provocam mais que frustação, provocam distanciamento. E por isso, se retroalimentam, criando distâncias que se tornam intransponíveis. Que ficarão para sempre, nódoas que incomodarão em todo dia branco. Aquela pontinha de espinho que nunca deixa de incomodar.
Uma coisa é certa, não adianta tentar tocar em frente uma relação que sofre com pendências. Não adianta tentar varrer para debaixo do tapete. Porque na vida não tem tapete, e o chão é sempre bem duro. E não tem embaixo, nem em cima, é tudo a mesma vida, uma coisa só. E uma só vez. Não tem reprise, não tem segunda chance.
Não podemos deixar tudo a cargo do tempo. Essas conversas necessárias têm que acontecer, sob pena de se transformarem naquelas terríveis dores nas costas que nos fazem entrevar diante de seu peso invisível. Temos que correr atrás, agir para esclarecer nossos mal-entendidos com as pessoas queridas. Não podemos deixar algo tão importante por conta do acaso. É muito arriscado, a vida é uma só.
O
tempo passa sem parar, nem por um segundo, e se deixarmos por conta dele as
distâncias podem se alongar até que a possibilidade de volta não exista mais.
Não existe relação, em nenhum nível, que não possa ser estragada pela falta de
esclarecimentos mútuos sobre assuntos mal resolvidos.
A mágoa deixa marcas, nódoas, cria barreiras e distâncias que o tempo não resolve, ao contrário, só alimenta.
Esclarecer
pendências com as pessoas queridas é necessário. O orgulho bobo ou a
infantilidade de querer ter razão é algo pouco inteligente e muito, muito
prejudicial. Uma conversa sincera onde a
única intenção seja o entendimento mútuo, é o único caminho para que a
distância definitiva não se estabeleça.
Poder
ver, através do olhar de quem amamos, a nossa versão mais bonita, é um dos
momentos mais sublimes e felizes que podemos experimentar na vida.
Sentir que somos amados por quem amamos é ser
feliz.
Diminuir essa possibilidade, através do afastamento de pessoas queridas, é perder um pedaço gigante da felicidade que nos é possível.
Definitivamente,
varrer pendências sentimentais, com pessoas que nos são caras, para debaixo de
um tapete que não existe, é um erro que pode nos custar muito caro.
Pode nos custar quem amamos.
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Parabéns pelos seus lúcidos textos.
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