O Brasil é um país de mal-educados, não temos boas escolas nem um bom modelo educacional, as que temos não dão conta da demanda e, consequentemente, a multidão de ignorantes e analfabetos funcionais aumenta diariamente há décadas. Somos um povo que, por esses motivos, é muito fácil de ser enganado e conduzido por qualquer charlatão um pouco mais articulado.
Nada disso que vemos hoje é novidade. Nada.
A diferença atualmente é que, graças à internet, estamos
descobrindo que a sujeira é ainda muito maior do que qualquer um poderia
imaginar. Alastrou-se por todos os cantos do país. Capilarizou por todo e
qualquer aspecto da vida nacional, todo brasileiro se tornou um corrupto ou um
corruptor em potencial.
O descaramento dos políticos, de todos os partidos, é uma
coisa inacreditável!
A população está atordoada sem saber o que pensar a respeito
da quantidade enorme de denúncias que se sucedem diariamente há décadas,
Ininterruptamente. É a mais indecorosa prova de como o mau pode se banalizar.
Mais ainda naqueles que não tem o esclarecimento básico
mínimo nem para compreender onde aqueles fatos impactam na sua vida diária.
Nosso povo não tem mais a capacidade de entender onde,
quando, como e por quem e está sendo roubado.
O déficit educacional do país é gigantesco. A dívida social,
nesse setor, que todos os mandatários, em todos os níveis e em todos os tempos,
têm com o povo brasileiro, é impagável!
Hoje, choramos por não termos dado ouvidos às grandes mentes
nacionais que sempre afirmaram que só uma educação de qualidade tiraria o país
de um destino de república de bananas. Hoje, somos formados e diplomados em
bananices.
As redes sociais são um desfile de imbecilidades e absurdos sobre
todos os assuntos imagináveis.
Se tivéssemos dado a devida importância às palavras de Darcy
Ribeiro, Rubem Alves e tantos outros educadores brasileiros que tanto nos
alertaram para essa tragédia anunciada, não estaríamos pagando o alto preço que
a ignorância demanda.
É triste constatar como custou, custa e continuará custando
caro, ao país, negar aos jovens uma educação com uma qualidade mínima que os
permita entender a própria vida e o funcionamento de seu país.
É tanta mentira, tanta desonestidade, tanta falta de ética e
de compaixão em nossa vida pública cotidiana que não é exagero dizer que o povo
brasileiro perdeu a esperança.
Fica claro que a banalidade do mal se alastrou para todas as
camadas da população, indistintamente. Entra e sai eleição e continuamos envergonhados
e pagando caro por quem elegemos para nos representar.
Estamos envergonhados do que nos tornamos como povo. Uma
nação que dá um passo para frente e dois para trás. Estamos exaustos de tanto
sermos feitos de palhaços e passados para trás.
Mas não estamos acostumados a lutar pelo que desejamos e
achamos justo. Não lutamos por nossa independência, não lutamos para libertar
os escravos, não lutamos para impor nossa república.
Agora, estamos vendo como é difícil se construir um país
digno e justo esperando que tudo nos seja concedido como benevolência de uma
instância superior.
Queremos tudo de mão beijada, expressão que, tristemente,
serve como uma luva ainda nos dias de hoje.
A expressão “receber de mão beijada”, tem origem no império,
onde quem beijasse a mão e adulasse a nobreza, garantia bons negócios. Desde
então, o puxa-saquismo foi institucionalizado no estado brasileiro. Nunca
evoluímos.
Um povo com todo esse histórico tão pouco favorável é um
prato farto para políticos e toda sorte de desonestos, sempre mais
escolarizados e ardilosos, que impõe suas vontades se utilizando de toda forma
de artimanhas inescrupulosas.
E, quando não conseguem às claras, nos vencem pelo cansaço
ou pelas votações do nosso parlamento no meio das madrugadas, enquanto o país
inteiro está com sua atenção voltada para um jogo de futebol. Um ardil digno de
bandidos.
No Brasil não existem partidos políticos, existem quadrilhas
que atuam na política para roubar e saciar uma sede doentia de poder e dinheiro.
Nesse ambiente completamente prostituído e corrompido quem
não entra na dança não participa da festa...
Essas práticas se repetem em todos os níveis da vida
brasileira. Uns achacando outros quando podem.
Todos achacando e despejando seus recalques em quem vem logo
abaixo hierarquicamente.
Estamos nos tornando um povo feio demais para essa terra tão
linda que a natureza nos deu.
-
Edmir Saint-Clair
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