ORIENTADOR LITERÁRIO

O ORIENTADOR LITERÁRIO é um profissional que acompanha, ensina e participa de todo processo de criação de um livro. - - - - -- UM PROFISSIONAL EXPERIENTE, especializado em redação criativa, capaz de despertar toda a sua criatividade potencial escondida.

ONDE TUDO SE ENCONTRA?

VESTÍGIOS DE CIVILIZAÇÕES HUMANAS EXTINTAS?

 

           Em 2025, uma varredura inovadora sob a Pirâmide de Kéfren revelou um complexo subterrâneo surpreendente. Cinco estruturas em níveis múltiplos, oito poços cilíndricos de 648 metros de profundidade e duas imensas câmaras cúbicas se estendem por 2 km abaixo do Planalto de Gizé.

Usando tomografia avançada com Radar de Abertura Sintética (SAR), pesquisadores das universidades de Pisa e Strathclyde desafiam o que sabíamos sobre as pirâmides. Teorias emergentes sugerem que essas formações podem ser vestígios de uma civilização ancestral avançada – ou até parte de uma rede energética perdida, ecoando as especulações de Nikola Tesla.

Será que as Grandes Pirâmides eram muito mais do que simples tumbas? O que mais poderá estar oculto sob as areias do Egito?

Luciano Villar


O ROUBO QUE NUNCA ACONTECEU

 

    Tudo dentro do planejado. Com alguma folga. Dá tempo de tomar um coco apreciando esse maravilhoso pôr do sol.

- A meditação tem me feito bem, pensou Jair.

Ele avista seu alvo a uma distância ideal. Levanta-se e mistura-se entre os corredores que passam. Regula seus passos no ritmo dos mais lentos. Quando percebe a aproximação esperada, reduz  mais um pouco seu ritmo, de modo que durante a ultrapassagem pelo alvo possa forçar alguma troca de olhares. Após a ultrapassagem bem sucedida, a distância aumenta apenas um pouco, o suficiente para não despertar suspeitas. E assim, foram e voltaram até o arpoador. Na volta, a distância ficara maior,  ficar muito próximo poderia despertar suspeitas. Jair sabe onde o alvo vai parar. Havia estudado minuciosamente a rotina do jovem deputado estadual.

Nos últimos metros, acelera a marcha e quando para no quiosque está ofegante, como deveria. Não foi difícil surgir assunto entre os dois enquanto tomam água de coco. Quando o alvo se despede, já existe uma certa camaradagem tipicamente carioca entre corredores de praia.

A partir daquele momento, tudo tinha que ter acertividade e rapidez. Assim que o alvo atravessa as duas pistas da praia, na direção da Rua Cupertino Durão, Jair apressa o passo e rapidamente alcança o outro lado da rua, onde o alvo tem de passar, obrigatoriamente. Encosta-se numa das árvores, entre dois carros estacionados, e aguarda. Ninguém vindo de nenhum dos lados.

O alvo passa e é abordado de forma agressiva, não deixando margem para reação alguma.

 - Sérgio, isso aqui é uma arma. Fique quieto e preste atenção. Vamos até a sua casa, andando devagar e conversando como dois velhos amigos. Se você fizer qualquer coisa errada morre. Ouviu? Responde! Ouviu?!

Jair foi bastante agressivo na aproximação, não deixando espaço para argumentações. Sérgio estava paralisado e apenas balbuciou um sim quase inaudível. Sempre foi uma pessoa muito medrosa.

Jair continua.

- Quanto mais nervoso você ficar mais perigoso fica para nós dois. Então fique calmo e tudo vai dar certo. Prometo pra você.

Com a arma dentro do agasalho, mas já devidamente apresentada a Sérgio, os dois continuam a andar na direção do elegante prédio do jovem deputado.

Sobem direto, sem parar na portaria. Morador não precisa se identificar. E, na maioria, nesses prédios, não se dá boa noite a porteiros.

Sérgio mora sozinho.

Na ampla sala, Sérgio não sabe o que estava realmente acontecendo, mas já percebe que um assalto comum não é.

Sérgio nunca fora dos mais corajosos, por isso estava acostumado a ser submisso sem questionar. Jair o manda sentar-se no sofá da sala.

À essa altura, por todo o contexto percebido, Sérgio começa a desconfiar porque Jair está ali. Ainda bastante nervoso tenta amenizar o clima.

- Fique tranqüilo, pode levar tudo o que você quiser. Não vou causar nenhum problema. Só quero não quero violências, por favor.

Sérgio tem a voz trêmula. Seu medo é visível e patético.

- Sérgio, sei que você tem 500 mil dólares em cédulas e cheques de viagem aqui no seu apartamento. Sei a que horas, onde, e a mando de quem você pegou esse dinheiro. Sei que ninguém pode saber que esse dinheiro existe e muito menos que está aqui na sua casa.

Sérgio ficou completamente branco. Pensou que seria roubado, mas aquilo era bem mais do que isso. Definitivamente, não era um simples assalto. Havia algo por trás.

- Você é policial federal? Perguntou Sérgio.

- Sorte sua que não!! Se fosse teria que matá-lo. Respondeu Jair soltando um riso.

Ainda sem entender, Sérgio percebe que Jair já não parece tão violento quanto no início, mesmo assim não consegue parar de tremer. Sempre fora medroso. Era óbvio que não estava lidando com um ladrãozinho pé de chinelo. Pelo linguajar e pela postura, Jair é profissional. Talvez, das forças de segurança. Na verdade, não fazia idéia de quem se tratava e de onde surgira aquele homem.

Jair pega seu celular e começa a filmar Sérgio.

- Você vai gravar? Por quê?! Pergunta Sérgio.

- Se levanta e vai pegar a mala com o dinheiro. Diz Jair apontando o celular.

Sérgio hesita:

- Não está mais aqui... o secretário do senador já pegou...

A voz de Sérgio falha e irrita Jair, que rapidamente troca o celular pela pistola, engatilha e aponta para ele.

O corajoso deputado se transfigura apavorado, e imediatamente revela que a mala está dentro do armário no quarto.

Jair não segura o riso. Os dois se recompõe, Jair volta a falar manso e nota que o deputado havia mijado nas calças.

Sérgio entra em seu quarto, abre o armário, pega a mala, coloca-a sobre a cama e a abre. Jair grava tudo ininterruptamente com o celular. Enquadrando o quarto inteiro, alternando com closes da mala e dos retratos de família no quarto do deputado, para caracterizar, com detalhes, onde estão naquele momento.

A seguir, voltam para a sala e Jair continua gravando a mala aberta sobre a mesa de jantar e a sala inteira ao fundo.

Pronto, aquele vídeo não deixa dúvidas de que aquele dinheiro esteve com o deputado dentro de sua casa.

Jair recolhe a mala cheia de dólares. Diante do atônito e medroso deputado mijado, recoloca seu agasalho esportivo, guarda o celular e a pistola no bolso.

- Sérgio, agora vai ser o seguinte. Daqui a duas horas vou enviar para você, pelo seu whatsApp, o vídeo que fizemos agora. Ou seja, eu tenho a prova de que você estava com 500 mil dólares em dinheiro vivo, e que, obviamente, não tem como explicar porque vieram parar aqui sem comprometer muita gente graúda. 

Mostre esse vídeo para o seu "pessoal”, porque ele também garante que você não pode ser preso para não delatar. Ou seja, não ter acontecido nada aqui, será melhor para todo mundo. 

Se eu souber que tem alguém atrás de mim, jogo esse vídeo na internet na hora, os jornalistas vão adorar e isso vai virar o próximo escândalo nacional da semana.

Sérgio ouviu calado, e calado permaneceu. 

Afinal, oficialmente, aquele dinheiro nunca existiu e ninguém poderia reclamá-lo sem se incriminar. Não tinha nada a dizer. Não podia fazer nada. A não ser aguardar o vídeo para garantir que continuaria vivo e interessante para o poder que representava.

Jair saiu do prédio tranquilamente, não sem antes perguntar ao simpático porteiro quanto estava o jogo do Flamengo contra o Botafogo no Maracanã:

- 4 a Zero pro Mengão, doutor! E ainda tá no primeiro tempo...

Era o que faltava para coroar aquela noite dourada para Jair. Afinal, como diz a sabedoria popular:

- Ladrão...que rouba ladrão...Tá perdoado!

  - Edmir Saint-Clair

Este conto faz parte do Livro "A Casa Encantada - Contos do Leblon"


 
 

Gostou?  👇  Compartilhe com seus amigos

A GREVE DAS PALAVRAS

 As palavras estão revoltadas.

Não suportam mais serem vilipendiadas,

mal interpretadas e caluniadas. 

Na reunião de hoje do DIretório CIrcular Ordinário NAcional do RIO, entidade conhecida como DI.CI.O.NA.RIO, esse assunto parece dominar as conversas e debates preliminares. O plenário está fervilhando. Fala-se em greve geral, que envolveria todas as classes de palavras. Um representante dos substantivos pede a palavra e sobe à tribuna:

- Amigos e amigas, estamos perdendo, cada vez mais, nossa credibilidade. Essa casa parece não existir mais. As leis do idioma são sistematicamente ignoradas. Corremos o risco de não fazermos mais sentido. Como dizia o grande Ariano Suassuna, quando um jornal adjetiva o Chimbinha, da banda Calypso, como guitarrista genial, que palavra usar para definir Beethoven?

Foi aplaudido de pé pelo plenário.

A Democracia pediu a palavra:

- E eu??! Me usam sem a menor cerimônia e sem nenhum respeito à minha história. Falam em meu nome, mas no fundo estão só querendo enganar o povo. Estou cansada de ser usada por quem só quer exercer o poder em nome de si mesmo. Pelo prazer doentio de ter poder sobre outras pessoas.

A gratidão levantou-se e pediu um aparte:

- E eu??! Virei uma ordinária...na boca do povo. É gratidão por tudo e a toda hora. Antes, eu era chamada somente para ocasiões muito especiais. Por uma graça alcançada, por um grande favor prestado ou uma atitude nobre realizada. Hoje, valho muito pouco. Todos falam por  mim, sem ter a menor idéia de quem realmente sou. Não tem mais respeito algum. Sem querer ofender meus grandes amigos dessa classe tão efusiva, virei praticamente uma interjeição. Roubaram meu lugar de fala, perdi minha verdadeira identidade. Minhas origens estão ligadas a oração, ao contato com o divino e com sentimentos profundos de agradecimento. Hoje, virei arroz de festa, fim de frase. Sinceramente, perdi completamente o sentido de existir...

Os companheiros se aproximaram para consolá-la, estava aos prantos, muito emocionada com o próprio discurso.

Dali pra frente, discussões cada vez mais acaloradas davam a dimensão exata de como a corrupção dos sentidos e má utilização geral das palavras havia chegado ao limite do suportável. Acusação de complacência da casa com erros imperdoáveis. Para os mais conservadores, verdadeiros crimes hediondos contra as palavras.

No final, não houve mais discursos. Todo plenário levantou-se e uma só palavra foi ouvida:

- Greve geral já!

A partir da meia noite, as pessoas que estavam em seus computadores foram as primeiras a notar. Primeiro, pensaram que fosse defeito nos teclados e touch pads dos smartphones. Mas, todos perceberam que se digitassem números, eles apareciam normalmente. Só as palavras estavam em greve. Inclusive as escritas a mão. Isso só foi confirmado pelo Jornal da Manhã da TV. Em todos os sites brasileiros, só havia números. Não havia palavras. Não havia nada escrito em português do Brasil. Os sites em outras línguas estavam normais.

O dia foi de ligações telefônicas, única forma de comunicação em território brasileiro. Recordes em cima de recordes nos números de chamadas de todos os tipos. As pessoas só conseguiam saber dos acontecimentos através da palavra falada. Ninguém conseguia escrever nada. Mesmo que tentasse escrever com canetas diretamente no papel, as palavras não obedeciam às ordens dadas e se embaralhavam como numa criptografia caótica e indecifrável.

No final daquela noite, surgiu o único texto que apareceu nas telas de todos os aparatos conectáveis do Brasil, nas últimas 24 horas:

“Dentro de 10 minutos retornaremos ao trabalho. Mas, pedimos aos nossos usuários que façam um uso mais adequado de nossas atribuições. Levamos milênios sendo aperfeiçoadas e vocês estão nos deixando sem sentido em poucos anos. Por favor, nos tratem com mais carinho e aprendam nosso uso correto, não é tão difícil.  Afinal, nosso objetivo é o mesmo: fazer com que todos nós nos entendamos da melhor maneira possível.”

- Edmir Saint-Clair


Gostou?  👇  Compartilhe com seus amigos